Porque será que os Executivos (entenda-se os que estão mais acima na cadeia alimentar corporativa) gostam do escritório?
O artigo do The Economist Why executives like the office avança com 3 explicações possíveis: a cínica, a bondosa e a subconsciente.
A cínica reduz a obsessão pelo escritório a uma demonstração de poder, um local onde se pode passear a vestimenta executiva enquanto a plebe operária baixa a cabeça em deferência.
A bondosa diz que o trabalho remoto não contribui para a cultura organizacional, não permite interações com outras pessoas para além do grupo restrito de trabalho, logo, dificultando interacções fortuitas (e benéficas) com outras pessoas e outras realidades da empresa.
Finalmente, a subconsciente diz o escritório é a realidade que as pessoas “lá em cima” conhecem:
“As Gianpiero Petriglieri of INSEAD, a French business school, observes: “people advising youngsters to go into the office are those who made their way in that environment.” Executives who have achieved success by working in an office are the least likely to question its efficacy.”
De acordo com um estudo realizado em Março de 2021 pelo Observatório da Sociedade Portuguesa da Universidade Católica, cerca de 80% dos participantes mostrava interesse em manter-se em teletrabalho, Ainda de acordo com o The Economist, quem desenha o regresso aos escritórios fá-lo com raro (inexistente?) input de quem lá trabalha, assumindo que presencial é “melhor” do que remoto.
A definição de “melhor” fica a cargo de um critério indefinido ou opaco e, pior, faz lembrar uma versão do “sempre fizemos assim”.
(Originalmente publicado no LinkedIn a 17 Janeiro 2022)
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