Quando discuto Sustentabilidade com amigos, e depois de sobreviver ao inevitável revirar de olhos que me são dirigidos, costumo partilhar as possíveis razões para a crise ambiental em que vivemos – invariavelmente, a palavra que me ocorre é “Conveniência” (ou excesso desta).
- Queres um café que não suje a máquina? Compra uma máquina de cápsulas. Deixou de funcionar? Deita fora e compra nova.
- Queres uma peça de roupa? 10 EUR num site online e é tua. Usaste-a duas vezes e já não gostas? Deita fora e compra nova.
- Queres uma refeição em casa? Vai à app e manda vir. Já comeste? Deita fora as embalagens.
Tudo em prol de um modo de vida que favorece o “mais depressa e com menos trabalho”. Assim, o ato de “deitar fora” torna-se tão natural como respirar.
Nas primeiras páginas do livro “The Collaboration Economy”, de Eric Lowitt, damos de caras com o óbvio (de tão óbvio que preferimos ignorar):
“Two mind-sets became pervasive: owning stuff is a status symbol, and stuff can be freely discarded for better stuff.”. Nenhuma destas posturas é sustentável e foi isto que nos trouxe até aqui.
Com a aprovação de um “acordo provisório que proíbe embalagens de plástico de uso único em cafés e restaurantes já a partir de 2030”, procura-se “combater o aumento do desperdício de embalagens gerados na União Europeia”, e impulsionar a economia circular.
Sou um fervoroso adepto da alteração de paradigmas por via da legislação (olá, quotas de género!). Apenas desta forma se consegue uma mudança de hábitos estrutural e sistémica, obrigando as empresas a agir de acordo as balizas que lhe são impostas – e porque, muitas vezes, a pressão do consumidor apenas não é suficiente.
Apesar da boa notícia que é acabar com o “descartável”, só fica um certo amargo de boca com o “já a partir de 2030”…
Publicado no Linkedin a 13 Março 2024